domingo, 3 de maio de 2009

A Revolta das Galinhas

Que pra aguentar nossa lida na Rede Estadual com Yeda e Mariza só com muita força de vontade e criatividade não é novidade pra ninguém!

Um desses guerreiros (ou malucos) que fazem as escolas funcionar e receber nossa comunidade e ainda arrancar uma ponta de alegria e esperança das mentes e corações é o meu amigo Jorge Claudemir, o Seu Jorge, companheiro também blogueiro, que assim se define:

- Poeta e declamador - Funcionário de escola, Nivel II, recebendo um salário básico de R$ 505,00 (Salário Mínimo, apartir de Janeiro), cursando o terceiro ano de Direito e sem nenhuma perspectiva de aproveitamento na área educacional (burrice institucionalizada). Enquanto o governo reclama da falta de professores, existem muitos colegas formados esperando uma chance!

Olha o que escreveu:

A REVOLTA DAS GALINHAS.
Cá pras bandas do Rio Grande
me surgiu um fato estranho;
Pra contar até me acanho
que é deveras engraçado:
pois, na história deste pago
o mais fraco não se achica
e nem o tal de “Freud” explica
o que se deu pra estes lados.

Veio da querência do norte
uma fêmea de lagarto,
que chegou de senho alto
e um bando de lagartinho,
com ganas de achar caminho
que levasse a um galinheiro,
pra num golpe bem matreiro
se aboletar pelos ninhos.

Dali, seria mais fácil
alimentar sua ninhada.
Com a estratégia traçada
a “teiú” rondou o momento,
e não demorou muito tempo
pra que os galos se descuidassem
e a prole, então, se ajeitasse
pra buscar o seu sustento.

Não demorou a teatina
tomou conta do poder,
e a primeira coisa a fazer
foi assinar um decreto:
que a galinhada, por certo
poria dois ovos por dia,
um para alimentar suas crias
e outro pra pagar os excessos.

Mudou bastante os costumes,
de há muito no galinheiro,
os galos perderam o poleiro
e lhes diminuíram a ração,
se quisessem ganhar o pão
tinham de cuidar pintinhos
e os frangotes mais novinhos
comiam e dormiam no chão.

Tinha galo de cara feia
e galinha de má vontade,
reclamando, barbaridade,
do trabalho e do imposto;
já não se achavam dispostos
nem pra chocar pintinhos,
mal o ovo caía no ninho
já virava tira-gosto.

E a lagarta roncando grosso
ditando lei pros dois lados,
trazia o galinheiro espichado
num arrocho de dar medo.
Mas, já não era segredo
que os galos urdiam trama
e as reuniões da galinhama
aconteciam de manhã cedo.

Os lagartos levantam tarde
e as galinhas de madrugada,
foi na hora desencontrada
que se formou a revolução
lá pelos fundos do galpão
a fofoca era “a la farta”,
as idéias eram parcas
mas acharam a solução.

Que sonegariam os ovos:
foi aceito em assembléia;
as galinhas deram a idéia,
e passaram logo a vigília,
escorraçariam a pandilha
que estava ali de estorvo;
não botariam um ovo
pra alimentar a quadrilha.

E assim se deu o motim
por todo aquele recinto,
os lagartos meio famintos,
recorriam a despensa,
alguns firmavam a crença
que o outro havia-o roubado
e quase desesperados
iniciaram as desavenças.

Foram passando os dias
e o bando se dispersando
os mais espertos migrando
pra galinheiros mais fartos
porque a sina de lagarto
e viver de ovo e mel,
e se lhe faltar o farnel
logo ele muda de mato.

Ficou só a lagarta velha
comendo a própria cola,
vivendo meio de esmola
e da bondade das aladas,
mas, na primeira bolada
se manda a campo fora
que é melhor ir-se embora
e escapar da cachorrada.

Vai chegar de cola curta
na sua antiga morada,
mas, com a língua afiada
e se gabando da sorte,
dizendo-se muito forte,
ainda que meio tonta,
e vai querer tomar conta
dos galinheiros do norte.

Os galináceos aprenderam
que alguém tem de mandá-los,
mas, terá que ser um galo
que conheça o galinheiro,
não um lagarto “oveiro”,
ou sorro magro de grota;
se há quem conheça a volta
porque aceitar “breteiro”.

Tomara, nunca mais venha
cá pras bandas do rincão,
que fique lá no seu chão
melando umas lixiguanas,
pois, mandante aragana
não há de aparecer duas,
que os galos tiram na pua
outra lagarta tirana.



Tomara, Seu Jorge...Tomara!!!!!

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