quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Qual tempo temos?

- Bom dia - disse o pequeno priíncipe.

- Bom dia - disse o vendedor.

Era um vendedor de pílulas especiais que saciavam a sede.  Toma-se uma por semana e não é mais preciso beber.

- Por que vendes isso? - perguntou o principezinho.

- É uma grande economia de tempo - disse o vendedor. - Os peritos calcularam. A gente ganha cinquenta e três minutos por semana.

- E o que se faz com esses cinquenta e três minutos?

- O que a gente quiser...

"Eu", pensou o pequeno príncipe, "se tivesse cinquenta e três minutos para gastar, iria caminhando calmamente em direção a uma fonte..."

Por que tenho visto e sentido o tempo de forma diferente.

domingo, 19 de dezembro de 2010

ESQUERDA: próxima tarefa


Num texto que já data de quase dois anos atrás, Boaventura de Souza Santos, ao analisar a questão cubana, pontua alguns dos principais dilemas da esquerda mundial para o século XXI.

E, apesar do tom ameno e reformista, Boaventura começa delimitando algo fundamental: Esquerda (ser de) é pensar para além do capitalismo.

Esquerda é o conjunto de teorias e práticas transformadoras que, ao longo dos últimos cento e cinquenta anos, resistiram à expansão do capitalismo e ao tipo de relações económicas, sociais, políticas e culturais que ele gera, e que assim procederam na crença da possibilidade de um futuro pós-capitalista, de uma sociedade alternativa, mais justa, porque orientada para a satisfação das necessidades reais das populações, e mais livre, porque centrada na realização das condições do efectivo exercício da liberdade. A essa sociedade alternativa foi dado o nome genérico de socialismo.

Com esta definição, muitos grupos, organizações e partidos já ficam de fora da conversa.

E então a reflexão começa a ficar ainda mais interessante! A crítica ao modelo tradicional (sic) de socialismo marxista formulado a partir dos países de capitalismo avançado – durante muito tempo considerados os únicos lugares onde a experiência socialista poderia florescer. Este pensar desconsiderou, por cerca de um século e meio o potencial revolucionário da América Latina e na África. (Podemos destacar um exemplo dado pelo próprio autor citando a “desobediência” cubana ao apoiar a independência de Angola contrariando os próceres de Moscou ou ainda, a simpatia manifestada por Marx na época da tomada de territórios dos mexicanos pelos “engenhosos” estadunidenses.

Pois esta visão do desenvolvimento das forças produtivas até um limite de exploração e desigualdade insustentáveis como requisitos para a implantação de experiências socialistas foi sendo derrubada pela História; pelo protagonismo camponês, feminista, lgbt, afrodescendente, estudantil, juvenil...

O determinismo economicista que já foi revisado até mesmo na literatura marxiana, hoje é revisto sobre outras bases. O capitalismo precisa ser superado por formas de produção alternativas. Isso desde sempre! A novidade é a percepção de que tal superação e a construção das outras formas de produção passam (passarão / estão passando) pelo implemento de avanços fundamentais nas relações de poder e em especial no debate sobre a democracia:

Podemos resumir esta inovação afirmando que a esquerda decidiu finalmente levar a democracia a sério (o que a burguesia nunca fez, como bem notou Marx). Levar a democracia a sério significa não só levá-la muito para além dos limites da democracia liberal, mas também criar um conceito de democracia de tipo novo: a democracia como todo o processo de transformação de relações de poder desigual em relações de autoridade partilhada.
E aqui entra algo fundamental para o momento da experiência política brasileira: o amadurecimento da democracia com a ampliação dos direitos para largas parcelas da população, iniciada com os dois mandatos de Lula, precisa ser radicalizada no Governo Dilma com o avanço da chamada democracia participativa (ou direta ou colaborativa ou genuína ou contra-hegemônica ou...). Com a ampliação do poder popular e do controle público sobre obras e programas. Investindo em debates setoriais e na construção de marcos regulatórios para setores estratégicos (energia, comunicação, comércio interno e externo, Pré-Sal, etc...), trabalhando na perspectiva do que Boaventura chama de “constitucionalismo transformador” em um “Estado experimental”.

Os desafios são imensos, tanto quanto as possibilidades.

P.S.: Para conhecer o texto de Boaventura na íntegra, com a reflexão sobre Cuba CLICA AQUI.

P.S. ii: Essa é a pauta pra domingo à tarde, logo vê-se que a coisa não está fácil!

P.S. iii: Em breve espero poder escrever sobre algumas democratizações necessárias, desejáveis e urgentes!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Segunda-feira #13 SONHO RUIM

Acordei de sobressalto! Tenho sonhado muito nas últimas semanas. Em geral coisas cotidianas. Banais. Os tradicionais voôs. Disseram que muito sonhar é sinal de bom sono e/ou de uma fase de criatividade. É verdade que tenho estado "+ bem" do q mal, mas...
Hoje o sonho foi estranho. Rápido. Ligeiro. E cheio do inusitado.

Primeiro pelo cenário: a casa do meu pai; onde passei minha infância e adolescência. Segundo: pela presença da minha mãe na cena. E, por fim, pela situação em si.

Estava sentado na velha mesa da cozinha e fui chamado na frente de casa. Lá estava o mesmo muro; o portão de ferro com o cadeado, a calçada, o gramado lateral estava verdinho...

Estranho! Era a polícia! E ao me identificar perguntou se eu conhecia um relógio e umas pulseiras que eles haviam encontrado. Quando cheguei perto pra poder ver, o "puliça" atirou o "enxerto" dentro do meu pátio e me deu voz de prisão, que ali estava a prova do crime! (agora, escrevendo, eu acho até muita graça) !!

Grito pra dentro de casa! A luz apaga! O olho abre! E não sonhei mais outra vez ainda...

E o pós-sonho?
Perdi o sono. 5 h da manhã!
Ficar refazendo cada momento, tentando extrair significados, lições...
Preocupa o sentimento de receber uma culpa que não te pertence. Ou de se estar realmente inseguro frente ao mundo.

Ou pior ainda... preocupa perder tempo e isso tudo, simplesmente, não significar nada!

sábado, 4 de dezembro de 2010

Vitória de Pirro


Pirro tentou mais uma vez invadir a Itália romana. Isso aconteceu em 275 a.C.., mas nessa oportunidade seu exército foi derrotado na batalha de Beneventum. Diante desse fracasso ele retornou à Grécia e conquistou militarmente a Macedônia, atacando depois Esparta. Foi durante essa campanha que encontrou a morte em uma das vielas da cidade de Argos. 

Por ter sido um homem impressionantemente belicoso e um líder infatigável, embora não tivesse sido um rei propriamente sábio, Pirro foi considerado um dos melhores generais militares do seu tempo. Aníbal considerou-o o segundo melhor, a seguir a Alexandre Magno. Pirro era também conhecido por ser muito benevolente. Como general, as maiores fraquezas políticas de Pirro eram a falta de concentração e apetência para esbanjar dinheiro (grande parte dos soldados que integravam suas tropas eram mercenários dispendiosos). 

A trajetória militar do rei de Épiro em sua obstinada intenção de construir um império na Itália, deixou como herança a expressão vitória de Pirro, usada para simbolizar tudo aquilo que se consegue a um custo bem mais alto que as vantagens obtidas. 


CREATIVE COMMONS http://www.fernandodannemann.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=491021