sábado, 27 de novembro de 2010

(RE)FLEXÕES DO AMAR - Débora Marshall


(RE)FLEXÕES DO AMAR


Hoje é tempo de amar
Infinitivo enquanto dure

Imperfeito amava no passado
Amor mais-que-perfeito: eu amara indefectivelmente

Amo-te...
Indicativo de amor presente

Deixa que eu te ame!
E se me amasse, amar-te-ia pra sempre

Amor-gerúndio:
amanhã vou estar te amando mais do que hoje

Sei que te amarei
Meu futuro: tu presente

Particípio-te que és amado
Ama-me! É imperativo...

Românticas conjugações
Em tempos difíceis

De amores líquidos
De modos estranhos

Meu modo de amar: incondicional
Meu tempo urge...

Pois amar é urgente
E meus versos não mentem.

*Débora Marshall - Além de uma grande colega, descobri que também é poetisa. A poesia acima foi premiada num concurso literário promovido pelos Franciscanos aqui em Santa Maria, no ano de 2008.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Ao vivo! Tariq Ali no Ceará !


Prefeitura de Fortaleza traz historiador Tariq Ali na 3ª edição do projeto Tópicos Utópicos
Para a terceira edição do projeto Tópicos Utópicos, a Prefeitura Municipal de Fortaleza traz o historiador, escritor, cineasta e ativista político britânico paquistanês Tariq Ali. Com o tema “Os fundamentalismos e os desafios democráticos”, o evento acontece hoje (25), às 19 horas, no Mercado dos Pinhões.
No debate, Tariq Ali fará uma explanação sobre a relação entre os fundamentalismos religioso e imperial, apontando como estes interferem na disseminação de instituições e valores ditos democráticos. Neste contexto mundial globalizado, Tariq pode nos possibilitar um olhar menos ocidental do que o costumeiramente apresentado para o cidadão comum. Após o debate, o escritor autografará seu livro: “O Poder das Barricadas”, de 2008 da Boitempo Editorial.
O Tópicos Utópicos é um convite ao pensamento sobre a conjuntura mundial atual. Com quatro encontros anuais, a intenção é referenciar Fortaleza como polo de reflexão sobre política, economia, cultura, meio ambiente. O projeto é realizado através da parceria entre a Comissão de Participação Popular, a Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), a Universidade Federal do Ceará (UFC), a Editora Boitempo e a Escola Nacional Florestan Fernandes.
O primeiro encontro, ocorreu em maio deste ano e teve como convidado o filósofo Domenico Losurdo. Já em outubro,  Fortaleza recebeu o sociólogo Michael Löwy. Em dezembro, o projeto encerra os debates de 2010 com a presença do sociólogo Emir Sader, no dia 11 de dezembro.
Tariq AliNascido e criado em Lahora (então parte da Índia colonial), atual Paquistão, no seio de uma família comunista. Tariq Ali estudou na Universidade do Punjab, mas por causa de seus contatos com movimentos estudantis radicais e temendo por sua segurança, seus pais o enviaram à Inglaterra. Em uma nova Universidade, Oxford, cursou ciências políticas, economia filosofia.
Entretanto, sua personalidade só pôde ser verdadeiramente notada durante a Guerra do Vietnã (1959-75). Ocasião em que manteve debates com personagens centrais, tais como Henry Kissinger*. E ainda na década de 60, fez amizade com figuras influentes como Malcolm X (ativista negro dos Direitos Humanos nos EUA), Stokely Carmichael (ativista negro do Movimento dos Direitos Civis nos EUA), Mick Jagger, John Lennon e Yoko Ono.
Publicou mais de uma dezena de livros sobre história e política internacional, além de várias novelas ficcionais. Seu livro mais recente é "The Obama Syndrome: surrender at home, war abroad", de 2010.
:: SERVIÇOTópicos Utópicos com Tariq Ali
Data: Quinta-feira, 25 de novembro
Horário: 19h
Local: Mercado dos Pinhões (entre as ruas Gonçalves Ledo e Ten. Benévolo)
TRANSMISSÃO AO VIVO:
WWW.FORTALEZA.CE.GOV.BR 




Já vai começar!!!!!!!!!!!!!!!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A chegada

03.11.2010
Chego no meio da noite. A terra é fria, mas dizem que é santa. Carona só as 7h30min. Sobra tempo; falta é lugar.
Vou pro bar da rodoviária; aqui eufemisticamente chamado de "local de encontro". Não é eufemismo: é sério! Encontro conterrânea vindo fazer registro no Conselho de Veterinária. Papo vai, papo vem, já é 5h.
Da sacola pula um Hans Staden que peguei apressado antes de sair de casa ontem. Já havia lido. Era o que estava à mão. De qualquer maneira, só a introdução do Peninha já é um ótimo tiragosto. Assim como escapou dos selvagens, Hans Stadem me escapa [da atenção]. Prefiro devorar um pastel de calabresa e queijo e uma xícara de café. Iguaria! Comparável aos pastéis chineses da rodoviária de um outro porto, quase na mesma latitude.

Volto à conversa. Planos. Dúvidas. Recomeços.
Empresto um livro e a conversa emudece. Segue silenciosa. Cada um em suas páginas.

Penso que é muita sorte ganhar uma nova chance aos 31! Acho que não é para muitos! Apesar d e que sempre há tempo...
Penso no Hans - a esta altura estamos íntimos de novo!
Assim como Hans, me considero um cara que sabe muito de algumas coisas; mas nada de muitas outras! 
E, se ele conseguiu escapar da voracidade tupiniquim; de que apetites fujo eu?

O que Ubatuba foi para Hans Staden, espero que esta terra seja para mim: um lugar para renascer sem ter morrido!

A manhã chegou... Uma manhã diferente! Lembro da batida frase "o primeiro dia do resto da minha vida". Hoje será um desses! CERTEZA!


domingo, 21 de novembro de 2010

Sobre a normalidade...

Mário Sérgio Cortella conta sobre a visita de dois xavantes em São Paulo, nos anos 70 (do século XX é preciso dizer!!).
Entre outros lugares, foram levados até o Mercado Municipal, onde:

"Eles deram dois passos e ficaram pasmos. Pilhas de alface, d etomates, de cenoura, de laranja. Ficaram com o olhar talvez como o nosso olhar ficaria se entrássemos no cofre de um banco. Em certo momento, um deles viu uma coisa que nenhum e nenhuma de nós veria. Ele cutucou e perguntou: "O que ele está fazendo?' E apontou no chão um menino negro, pobre (a gente sabia que era pobre por causa da roupa, ele não saberia) pegando alface pisada, tomate estragado, batata já moída e colocando num saquinho. Nenhum e nenhuma de nós veria aquilo, pois para nós era normal. Normal?"


O relato de Cortela sobre esta passagem, continua com a manifesta perplexidade dos indígenas com aquela situação: com todas as pilhas e pilhas de comida boa, porque aquele menino pegava a comida estragada?
Nós saberíamos responder esta questão. Nós entenderíamos aquilo. E até aceiteríamos, de certa forma.
Os xavantes, inconformados, resolveram "Vamos embora"! Eles eram "selvagens" demais para entender...

"Eles não conseguiram compreender essa coisa tão óbvia: que uma criança faminta, diante de uma pilha de comida boa, pega comida podre. Eles não são civilizados. Sabe como ele passaria batido e nem repararia nessa cena? Se ele tivesse frequentado algumas de nossas escolas, se ele tivesse ido a algumas de nossas igrejas, se ele tivesse assistido a alguns de nossos meios de comunicação. Aí ele ia achar aquela cena normal."


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Coisas de uma República em construção...

Antes de sair de Sta Maria meu chefe alertou "Bom feriado! E não se esqueçam que ESSA República só existe por causa nossa!". Entendi o recado!

Realmente ESSA nossa República de hoje não é mais a mesma! Não é mais uma República das Bananas; nem da Espada; já foi República Velha, Nova, Populista... Isto é o que nos diziam.

Lembrei do centenário de nossa República inacabada. 1989. "O ano em que quase lavamos a alma", nos dizeres de Ricardo Kotscho. Centenário da República incompleta, ainda hoje em construção...

"Sem medo de ser feliz". Esta conhecida frase, embalou muitos sonhos em 1989; foi o mote da campanha presidencial e depois título de um livro testemunho, lançado em abril de 1990.
Organizado por André Singer, o livro traz textos, depoimentos, uma bela entrevista com Lula e muitas fotos. Muitas mesmo!

Trechos emocionantes revelam detalhes da campanha de 89, quando o Brasil quase elegeu um operário, ainda de barba preta, presidente da República.

Alguns registros quase proféticos registravam e anteviam o fenômeno Lula: "Que fato político maior pode existir do que as multidões que Lula mobilizava por onde passava, mais do que qualquer outro candidato na história das eleições presidenciais?"

O "nunca-antes-na-história-deste-país" já fazia parte da trajetória de Lula!


Este livro foi presente da minha amiga  Suely; inclusive com uma foto "extra", de um comício em POA. Um grande comício em frente à Prefeitura. é possível identificar Olívio; Raul e, talvez o Tarso, no palanque, entre a multidão e o mar de bandeiras.

"Porque não se trata apenas de mudar de presidente". A frase na faixa de 89 caberia perfeitamente em 2010. E não falo apenas pela definição de um modelo de país, de Nação, de sociedade em detrimento de outro.

Eleger Dilma, a primeira mulher presidente da história é um sinal dos tempos. No 121º ano da República que, no seu começo, nem o voto permitia às mulheres; que relutou contra o divórcio e a afirmação do protagonismo feminino em todos os campos da sociedade, eleger Dilma é um marco.

Quando Lula, em 1º de janeiro de 2011, estiver passando a faixa para Dilma; um presidente eleito passando para outro(a) também escolhido pelo voto da sociedade, estaremos vivenciando algo raro: desde 1961, quando JK passou a faixa para Jânio Quadros, isto só aconteceu em 2003, quando FHC passou a faixa para Lula. Ou seja, em 50 anos, será apenas a 3ª vez!

Isto por si só é um sinal da consolidação necessária de nossas instituições republicanas!

Mas além disso: mais do que raro; o que veremos em 1º de janeiro próximo, será inédito:
um operário, já de barba grisalha, passará a faixa para uma mulher.

Isto sim é alternância de poder!
Isto sim "nunca-antes-na-história-desse-país" havia acontecido!

Construiremos mais um pouco desta nossa República com Dilma!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Amor de bicho

Primeira noite! Cansaço. Expectativas. Canseira. Dúvidas. Exaustão. Desafios. Estafa...
Nem comecei a trabalhar ainda mas a Boca do Monte já me consumiu bastante. Muito calor. Caminhantes falavam em maior calor  desde não sei quando. Quem vem da fronteira sabe que existe coisa pior; não é tanto assim, mas já é muito quente!

Achei um hotel bem central, cercado por prédios residenciais. No meio da noite  fui acordado por alguns estranhos (apesar de conhecidos) sons vindos da vizinhança.

O primeiro vinha da direita da sacada. Começou estranho. Rápido. Crescente. Imaginei um casal. O ritmo acelerado das respirações me levava a crer que iriam chegar ao clímax dentro de instantes. Confesso que deu inveja durante um certo tempo.

Mas o show de sons ainda estava só no início. Num aoutra sacada acima, começam novos ruídos. Ainda mais selvagens, mas um pouco diferentes.

Logo percebi que, há poucos metros de mim haviam dois casais diferentes fazendo... amor?  sexo? garantindo a permanência de suas espécies?

Ahhh... deixa eu explicar o "espécies" assim no plural... é que um dos sons vinha de um casal de cães. O outro, a princípio era de gente - sim, era! Só gente avisa "AGOOOOORA!!!!!!!!!".

Mas o que me impressionou é que no meio daquela alucinação auditiva toda, em alguns momentos eu não sabia qual som vinha de que casal. Se biologicamente também somos animais, isso não deveria causar espanto.  Mas enfim, uma certa hora alguns uivos encerraram a sinfonia e eu pude encerrar minha noite de sono.

Ao acordar pensei: "É por isso que dizem que cachorro também ama como gente" !

Mais tarde compreendi que, às vezes, são as gentes que amam como cães!


quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Novos tempos

Quando surgiu a ideia de escrever um blog haviam algumas motivações específicas: a primeira era ir conhecendo a ferramenta para uso na educação, com a criação de blogs que centralizassem, partilhassem e divulgassem os trabalhos das turmas em dava aulas.

A segunda e mais decisiva na época, foi tentar construir um espaço de debate sobre as questões locais da política e da cultura uruguaianenses. Um observatório crítico - e bem humorado - da imprensa, da política e dos "bons" costumes da fronteira.

Para a primeira proposta valeu à pena com sobras.
Mantive no ar pelo menos 4 blogs de séries diferentes, no Colégio Marista e tb no Instituto Estadual paulo Freire e ainda um grupo de discussões - muito calado por sinal - para preparação ao ENEM.

Já na segunda, funcionou parcialmente. O acúmulo de trabalho diminuiu meu tempo para ser testemunha ocular da(s) história(s) do nosso cotidiano.

O blog virou uma página de encontros, uma plataforma de leituras onde acompanhei e repercuti/reproduzi alguns textos, imagens e reportagens que faziam sentido em cada contexto (e como diria minha amiga Maria do Carmo Victorino: "A conjuntura é dinâmica, Martins!").

Pelo menos, deixei claro desde o início que aqui nem sempre seria um espaço garantido de originalidade. Lembra

E assim fomos levando... desde janeiro de 2009! Com uma média acima de 15 acessos diários nos últimos seis meses (período em que instalei o contador !). Eu inclusive me pergunto "o q uma pessoa faz nesse blog?". se nem mesmo eu tenho vindo muito aqui? Nestes últimos dois meses em especial?

Vai saber!

Mas a partir de agora há tempo! São novos tempos!
Tempos em que operários dão a vez à mulheres! Tempos em que os #nordestistos de norte a sul do Brasil calam o #casal45! Tempos em que #bolinhaDePapel vira escárnio popular!

E tempos em que terei mais tempo!

E vou tentar escrever mais. Não vou chegar a fazer disso aqui um lugar de escritos muito intimistas,... até por quê, para isso, eu tenho meu diário pra escrever enrolado no edredon (uhasuashasuhasu)... mas vamos estar por aqui!

Na ponte aérea BOCADOMONTE / FRONTEIRA .