domingo, 30 de maio de 2010

Just Vision

A mídia, por só dar vazão aos atos de violência recíproca, tem MUITA responsabilidade pela permanência e continuidade dos conflitos entre judeus e palestinos.

Os atos violentos, praticados por fundamentalistas de ambos os lados, são amplamente divulgados e, por isso, acabam sendo a principal, quando não a única, forma de alcançar expressão.

"Se uma inciativa reunindo pacificamente judeus e árabes também tivesse repercussão mundial, cada vez menos atentados seriam vistos" - afirma Julia Basha. Brasileira, 29 anos. Foi aos EUA para aprofundar seus estudos em História do Oriente Médio e planejava prosseguir sesu estudos no Irã. Na espera do visto para lá, acabou aceitando um convite para trabalhar numa produção egípcia que resultou, lá por 2004, no documentário "Control Room", sobre a rede de notícial Al Jazeera e a cobertura da Guerra do Iraque realizada por canais "do outro lado".

Após este trabalho, Julia foi convidada para compor a Just Vision e consolidou-se como premiada documentarista da questão da Palestina.

Conheça mais sobre a organização no site JUST VISION

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Função Social da Propriedade

Decantada e perseguida nas lutas sociais por políticas fundiárias e agrícolas adequadas a um justo desenvolvimento, a função social da propriedade está bem definida na Lei 8629/93:

Art. 9º A função social é  cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo graus e critérios estabelecidos nesta  lei, os seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
§ 1º Considera-se racional e adequado o aproveitamento  que atinja os graus de utilização da terra e de eficiência na exploração especificados nos §§ 1º a 7º do art. 6º desta lei.
§ 2º  Considera-se adequada a utilização dos recursos naturais disponíveis quando a exploração se faz respeitando a vocação natural da terra, de modo a manter o potencial produtivo da propriedade.
§ 3º Considera-se preservação do meio ambiente a manutenção das características próprias do meio natural e da qualidade dos recursos ambientais,  na medida adequada à manutenção do equilíbrio ecológico da propriedade e da  saúde  e qualidade de vida das comunidades vizinhas.
§ 4º A observância das disposições que regulam as relações de trabalho implica tanto o respeito às leis trabalhistas e aos contratos coletivos de trabalho, como às disposições que disciplinam os contratos de arrendamento e parceria rurais.
§ 5º A exploração que favorece o bem-estar dos proprietários e trabalhadores rurais é a que objetiva o atendimento das necessidades básicas dos que trabalham a terra, observa as normas de segurança do trabalho e não provoca conflitos e tensões sociais no imóvel.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Por que eu sou eu e você é você? Boa pergunta...

I Wish, I Wish


I wish I knew, I wish I knew
Eu queria saber, eu queria saber
What makes me me, what makes you you.
O que me faz ser eu, o que faz você ser você
It's just another point of view. Ooh..
É apenas outro ponto de vista, uuh...
A state of mind I'm going through. Yes..
Um estado da mente pelo qual estou passando, sim...
So what I see is never true. Ah..
Então o que eu vejo nunca é verdadeiro, ah...
 I wish I could tell, I wish I could tell
Eu queria poder dizer, eu queria poder dizer
What makes a Heaven, what makes a Hell
O que faz o Paraíso, o que faz o Inferno
And do I get to ring my bell? Ooh..
E eu consigo lembrar? Uuh...
Or land up in some dusty cell? No..

Ou aterrisar em alguma cela empoeirada? Não...
While others reach the big hotel? Yeah..

Enquanto outros chegam em um grande hotel? Sim...

I wish I had, I wish I had
Eu queria ter, eu queria ter
The secret of good and the secret of bad.
O segredo do bom e o segredo do mau
Why does this question drive me mad? Ah..
Por que essa pergunta me deixa louco? Ah...
'Cause I was taught when but a lad. Yes..
Porque me ensinaram assim quando eu era um garoto. Sim...
That bad was good and good was bad. Ah..
Que mau era bom e bom era mau, ah...

I wish I knew the mystery of
Eu queria conhecer o mistério
That thing called hate and that thing called love.
Daquela coisa chamada ódio e daquela coisa chamada amor
What makes the in between so rough? Ah..
O que faz do meio-termo tão difícil? Ah...
Why is it always push and shove? Ah..
Por que é sempre empurrar e impelir? Ah...
I guess I just don't know enough. Yes..
Acho que eu simplesmente não sei o suficiente, sim...

terça-feira, 25 de maio de 2010

O legal da Reforma Agrária II

Estatuto da Terra (1964)

Art. 65. O imóvel rural não é divisível em áreas de dimensão inferior à constitutiva do módulo de propriedade rural.

O legal da Reforma Agrária

Estatuto da Terra (1964)

Art. 13. O Poder Público promoverá a gradativa extinção das formas de ocupação e de exploração da terra que contrariem sua função social.

domingo, 23 de maio de 2010

Batendo lata...

E os "DEMOs" querem falar em terrorismo campesino...

Reforma Agrária: Necessidade Urgente!

PAIVA, Marcelo Wathely. Reforma Agrária: necessidade urgente. São Paulo. Ed. Paulinas; 1987.

O que ocorre é que o período colonial já acabou, mas os colonizadores apenas trocaram de roupa. Hoje eles são so grandes latifundiários, ainda do campo, e gozam de imenso poder junto aos políticos em Brasília. (p. 41)

A grande difernça entre o latifúndio brasileiro e o de outros países é a grande extensão. Ao se comparar, constatamos que o que existe no Brasil são superlatifúndios, pois na Europa uma extensão de terra com 50 hectares já é considerada latifúndio, área esta considerada, no Brasil, como média propriedade. (p.46)

"Nós, enquanto homens da Igreja, aprendemos que a propriedade particular, a respeito da qual se fala tanto, é um direito. Ma sé um direito enquanto, na prática, for acessível a todos. Esse negócio de ficar defendendo propriedade particular como direito de todos, quando poucos a possuem, tem que mudar. Isso é hipocrisia e farisaismo porque a propriedade particular sem função social se torna um roubo"
"Violenta é a lei que possibilita à autoridade reintegrar a posse de um terreno e colocar na rua milhares de famílais que não tem para ond eir, enquanto o terreno permanece desocupado."
(entrevista com D. Angélico, arcebisbo da Arquidiocese de São PAulo, na década de 80) (p.70 a 74)

sábado, 22 de maio de 2010

sexta-feira, 21 de maio de 2010

O ópio do povo!

Não, não é da religião que eu quero falar. É sobre  o futebol... E na verdade, para discordar da ideia inicial que pode passar o título acima.
Marx, qdo escreveu a famosa frase "a religião é o ópio do povo", nos Manuscritos Econômicos e Filosóficos, falava de uma situação de exploração e miséria extrema que arrastava as multidões proletárias a um estado de alienação e infelicidade exagerados. Neste infeliz contexto, a religião cumpria o papel quase único de construtora de alguma esperança, de alguma redenção; mesmo que esta fosse para o "outro mundo". Desse jeito, a religião era "o último suspíro do oprimido, um sopro de esperança, o ânimo de um mundo sem coração". Ao contrário do que muito se pensou, o título desta postagem não foi uma expressão de ateísmo na produção marxiana. Pelo contrário, valorizava o papel da religião com um atenuante na existência desesperadora da sociedade industrial. Esse debate vai longe...

Tampouco o futebol deve assumir somente um ar alienante - apesar da Copa de 70 e de muitos outros casos em que o futebol foi cortina de fumaça e fator de manipulação e alienação - ele não é só o circo na aplicação pós-moderna do "panis et circensis" romano.

Lembro do Sócrates - o corintiano, não o grego - nos tempos da "Democracia Corintiana"(vi reportagens em arquivos!), em que afirmava ter consciência do papel que o futebol desempenhava na vida das pessoas: ao mesmo tempo em que não mudava a condição existencial e sócio-econômica, o futebol era(é), também, um "suspiro do oprimido". O Doutor sabia que com o bom jogo, de preferência com a vitória, no domingo, abria-se uma semana com a auto-estima elevada e com a confiança fortalecida. Todos voltavam alegres para as obras, para os escritórios, para as plantações, etc...

Já que começamos falando de um alemão - Karl - vamos avançando na questão das relações (positivas) que podem existir entre futebol e política. Conheci esta semana um time tradicional do futebol alemão que, após quase uma década, garantiu seu retorno à Primeira Divisão Alemã - a Bundesliga.

No ano do seu centenário, o St Pauli chama a atenção por ser um time com menos "holofotes" mas com uma torcida fanática com cerca de 11 milhões de torcedores; e também pelo fato de ser, talvez, o único clube de futebol do mundo que traz no seu estatuto se caráter declaradamente anti-racista, anti-sexista e anti-capitalista. Leia mais clicando AQUI, na reportagem de carta Capital.
Repara na energia da torcida e na bandeira com Che

Enquanto isso, as torcidas brasileiras e, em geral no mundo todo, entoam cânticos "falocêntricos" e " sexistas". Demonstram seu orgulho na subjugação do outro, encarado sempre como alguém inferior, a ser dominado e, logicamente, encontram na figura feminina e na figura do (e sse "do" não é acidental) homossexual a expressão da inferioridade que deve ser humilhada e exposta.

Em outro momento podemos falar também do Rayo Vallecano, time de anarquistas do bairro de Vallekas, em Madrid.
++++
EM TEMPO:
para não esquecer daquele outro lado que assume o esporte; leia AQUI

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Bateu o pavor!

Juremir sempre tem suas análises cheias de ironia e humor...
Bateu o Pavor!

Juremir Machado da Silva, colunista do jornal Correio do Povo.

É importante ser claro, falar a linguagem das ruas e dar nome aos bois. A verdade é uma só: está batendo o pavor na direita brasileira. Dá para ouvir os dentes rangendo. Por um lado, Luiz Inácio brilha mais do que nunca no cenário internacional. O doutor FHC nunca teve tamanho prestígio no exterior. Independentemente do resultado do papo com Ahmadinejad no Irã, o mundo inteiro ficou esperando que o iletrado brasileiro resolvesse a parada. Os norte-americanos, mais caras de pau do que nunca, andam furiosos com o Brasil. Descobriram até os direitos humanos. Cobram de Luiz Inácio o fato de ele ficar negociando com um país que dá chibatadas nos seus opositores. É o roto falando do descosido. Os Estados Unidos são especialistas em amizades com ditadores. A China, por exemplo, nada deve ao Irã em repressão.

O ranger de dentes tem razões de todo tipo. A inveja em relação a Luiz Inácio não para de crescer. Todas as previsões dos conservadores foram por água abaixo. O Brasil vai bem, superou a crise como se ela não passasse mesmo de uma marolinha, a popularidade do presidente é estratosférica, a vida da população mais pobre melhorou bastante e, na política internacional, nunca mostramos tanta autonomia. Passamos de coadjuvante a protagonista. Para completar o quadro de pavor da direita, que não sabe mais o que fazer ou dizer, a última pesquisa do Vox Populi mostra Dilma na frente de José Serra, 38% a 35%. E agora? Dilma, a guerrilheira, a sem carisma, a criatura, começou a decolar e já parece muito palatável para eleitores que antes a viam com alguma desconfiança.

Se os dentes continuarem a bater assim, dá para ouvir o barulho enquanto escrevo, os dentistas é que vão faturar. Muita gente vai precisar de dentadura ou de aparelho. Passei, outro dia, por um luminar da direita e ele parecia desesperado. Estava branco, verde, azulado. Nem me aproximei. O homem falava sozinho, resmungava, vociferava e espumava de raiva. Dava para entender o nome Dilma no seu discurso enrolado. Tem gente que não dorme mais. Alguns buscam soluções mágicas. Outros, tentando permanecer racionais, buscam culpados. Não encontram. Perguntas es-drúxulas se repetem: por que Luiz Inácio não fez como Evo Morales e Hugo Chávez? Aí está: Luiz Inácio não traiu só a esquerda, traiu a direita também. Frustrou-a terrivelmente ao não se comportar como um ditador ou como um "perfeito idiota latino-americano".

O que dói mais na direita é ver Luiz Inácio trocando abraços, afagos, sorrisos e ideais com os grandes deste mundo. Dói mais ainda ver Luiz Inácio, com seu traquejo social sem berço nem formação, colocando todos à vontade, fazendo até um russo gelado se derreter e fazer piadinha. Basta Luiz Inácio chegar para o clima ficar mais amistoso. Com essa manha, com essa malemolência, com esse jogo de cintura, Luiz Inácio está prontinho para virar secretário-geral da ONU. Espero que isso não ocorra por uma razão humanitária: FHC não suportaria. Não quero o mal de homem que prestou bons serviços ao Brasil. Luiz Inácio que fique, no máximo, com a OEA. Que loucura!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Por que FHC não vê o Nordeste?

A coordenação da campanha tucana tem se empenhado em esconder FHC. No PIG são raras as aparições de Serra ao lado de FHC; isso se não forem inexistentes. No lançamento da pré-candidatura de José Serra havia recente pesquisa que apontava a rejeição de FHC e que uma considerável parcela de eleitores NÃO VOTARIA EM CANDIDATO INDICADO POR FHC (veja versão ironicamente bem humorada AQUI).

Hoje nova pesquisa CNT/Sensus, amplamente divulgada na internet e fracamente citada nos jornalões que pud eassistir ao longo da segunda-feira, aponta para o crescimento de Dilma, consolidando a tendência de superação ao tucano. outro dado: 53% das pessoas entrevistadas afirmam que votariam em um candidato indicado por Lula; na outra ponta, apenas 10% afirmou que NÃO votaria em alguém indicado pelo Presidente Lula.

É... esconder FHC vai dar trabalho... pra eles...

Veja aqui o que FHC  não vÊ:

SERRA é o ANTI-LULA

*Texto de Emiliano José
As eleições deste ano apresentam um quadro curioso: o candidato da oposição tenta ser situação. Faz um esforço danado para não se contrapor ao presidente Lula. Quer fazer a simulação de que a disputa se dará entre pessoas, entre ele e a candidata do governo, Dilma Roussef. Ao menos tem sido essa a movimentação do ex-governador de São Paulo, José Serra, mesmo que oriente seus cães de guarda para bater no presidente e em sua política, resguardando alguns pontos que considera imbatíveis, como o Bolsa-Família, por exemplo. Serra faz das tripas coração para não ter parecença com o anti-Lula. Quer individualizar a campanha, evitar a todo custo o confronto de projetos nacionais. Será que essa estratégia tem futuro? Não creio.

Serra é o anti-Lula, por obviedade. Lidera um projeto diverso daquele que vem sendo executado pela atual conformação de forças no poder, liderada pelo Partido dos Trabalhadores. Serra é o líder de um conjunto de forças sociais e políticas que representa inegavelmente o pensamento neoliberal no Brasil, pensamento que ganhou consistência exatamente nos oito anos de Fernando Henrique Cardoso, cujo personagem virou quase maldito hoje nas hostes do PSDB. Querem escondê-lo, mitigar o discurso dele, evitar que ele fale exatamente por conta da estratégia serrista. Se Collor foi o marco inaugural do neoliberalismo tardio no Brasil, o PSDB, com FHC à frente, Serra então como ministro, foi o verdadeiro condutor desse projeto no País.

O PSDB foi competente na condução da política neoliberal, isso ninguém pode esconder. Collor foi uma figura tosca, sem consistência, dada ao espetáculo, embora procurasse dar os primeiros passos para fazer avançar o pensamento neoliberal no Brasil. Caiu da forma que se sabe, e não compensa gastar mais tempo para explicar o episódio do impeachment. O neoliberalismo, com sua face cruel, fria, perversa veio com toda carga sob a direção do PSDB, e seu condottiere foi exatamente FHC. Durante os oito anos do PSDB, quase que o País vai à falência. Com a ideia básica de que o mercado tudo pode, com a afirmação do Estado mínimo, fez-se a privatização criminosa que se conhece, endividou-se o País da forma que se sabe, nos colocaram de joelhos diante do FMI, tudo com as graves consequências sociais, por demais conhecidas.

O governo Lula, e não poderia ser diferente, fez o contrário disso. O projeto encabeçado pelo PT, cuja execução iniciou-se em 2003, com a posse de Lula, que eu prefiro chamar de projeto da revolução democrática, seguiu roteiro inverso ao do PSDB. Nele, o Estado passa a ter outra dimensão. Não se trata mais do Estado mínimo. Havia que se reestruturar o Estado no País, depois do furacão neoliberal peessedebista. Não é por acaso que uma das críticas centrais do PSDB ao governo seja exatamente o do “inchaço da máquina”, tradução da incorporação de milhares de pessoas via concurso para garantir serviços de boa qualidade e para assegurar capacidade técnica ao Estado para cumprir as metas de melhorar a vida do povo brasileiro.

Para o projeto da revolução democrática, não se tratava mais de usar os fundos públicos para satisfazer os apetites do grande capital, característica do governo do PSDB. Agora, tratava-se de desenvolver políticas sociais capazes de enfrentar a tragédia da profunda desigualdade social existente no País, usar os fundos públicos para isso, e garantir assim a inclusão de milhões de pessoas à cidadania ativa porque com fome é difícil exercer a cidadania. O projeto da revolução democrática leva a sério a ideia de fazer do Brasil um país justo para todos, e para tanto leva em conta a desigualdade e as disparidades de gênero, de raça e até mesmo as diferenças regionais. É dessa maneira que devem ser encarados o Bolsa-Família, o Prouni, o Pronaf, o aumento do salário mínimo acima da inflação, entre outras medidas que tem assegurado que milhões de pessoas ascendam de modo mais pleno à cidadania.

Dessa maneira, olhados os contornos dos dois projetos, seria possível reduzir o embate eleitoral apenas a um cotejamento de personalidades, como pretende Serra? Seria possível escamotear a existência de dois projetos distintos para o País? Não creio. O povo brasileiro, nas eleições presidenciais, tem votado em projetos, sem que naturalmente desconsidere as características individuais de cada candidato. Se um projeto está dando certo, se tem efetivamente melhorado a vida das maiorias, estas maiorias normalmente optam pela continuidade porque tem razões de sobra para tanto. Creio que o comando da campanha do PT sabe que não deve deixar o debate caminhar apenas para o terreno das personalidades, embora não possa deixar de tratar das tantas qualidades, dos tantos atributos de Dilma Roussef.

Serra não poderá esconder o seu programa para o Brasil. E não poderá dizer que vai continuar o governo Lula. Se o fizer, joga água no moinho de Dilma. Afinal, entre a cópia e o original, o povo preferirá o original. E mesmo que o faça, não terá credibilidade para isso. Todo mundo reconhece nele a continuidade do governo FHC, com suas adaptações para a conjuntura em que vivemos. Não poderá tentar vestir a camisa do Estado forte, como chegou a propagar no lançamento de sua candidatura, quando se sabe que o ideário dele e de seu partido está profundamente vinculado ao Estado mínimo, com todas as suas consequências. Aquela afirmação, a do Estado forte, constitui uma vacina ao programa de Dilma que, aliás, foi violentamente atacada pela mídia ao defender a mesma idéia, aí com absoluta propriedade pelo fato de o governo Lula ter, nesses dois mandatos, se oposto à mitigação do papel do Estado, não ter privatizado nenhuma empresa estatal e ter fortalecido os serviços públicos.

Serra, quando a sua equipe econômica falou à agência Reuters recentemente, deixou claro o quanto está comprometido com o programa neoliberal, ao contrário do que quer fazer parecer. Isso foi revelado em artigo de Emir Sader, publicado pela agência Carta Maior, em 6 de maio deste ano. Primeiro, ele faria um duro ajuste fiscal. Promoveria a renegociação de contratos e o corte de despesas públicas, conforme um receituário antigo do FMI.

Serra é mais real do que o rei. Nem sei se o FMI, a essa altura, exigiria isso de um Brasil que tem lhe emprestado dinheiro. Seria o que os tucanos gostam de chamar de choque de gestão, sempre um choque que afeta duramente o povo, com trágicas conseqüências sociais. “As despesas da maquina pública estão sob um controle muito frouxo”, disse a fonte tucana à Reuters, que é critica também em relação ao que chama de aumento das despesas públicas.

Diz ainda a mesma fonte, que o papel dos bancos públicos será “relativizado”, um claro recado ao mercado. Aí, Serra quer dizer que seguirá o mesmo receituário do governo de São Paulo, quando ele privatizou o Banespa, e colocou a Nossa Caixa à venda, essa, para sorte do povo, resgatada pelo Banco do Brasil. Na visão tucana, o fortalecimento dos bancos públicos contribuiria para “aumentar a pressão inflacionária”. Tudo, como se vê, de acordo com o receituário neoliberal. Imaginemos nós o que seria do Brasil face à crise econômica que começou em 2008 se não contássemos com os bancos públicos.

Diz a fonte tucana que os bancos públicos “não precisam ter uma política tão protagonista neste pós-crise”. Ou seja, vamos privatizar os bancos públicos, já que não há mais crise. Se vier outra crise, e o capitalismo vive delas, bem, aí veremos o que fazer... E aí, quem sabe, fariam o mesmo que fizeram durante a gestão tucana, particularmente o desastre de 1998/99, quando quase faliram o País. Na entrevista, a fonte tucana, ecoando o pensamento serrista, diz que foram exagerados os estímulos fiscais dados pelo governo Lula durante a crise recente. “Não precisava dar para toda a linha branca e depois para os móveis”. Tucano acredita sempre que o mercado tem soluções mágicas para as crises. Tivesse, e o Estado, no mundo, não teria que intervir tão fortemente como teve de fazê-lo para fazer frente à crise.

Se alguém quiser se enganar, que se engane. Não há dúvida: o PSDB tem um projeto claro para o Brasil. Serra é a continuidade de FHC, é a continuidade daquele projeto. As biografias individuais devem ser levadas em conta, naturalmente. E não deve haver qualquer receio de comparações. Afinal, a tentativa de pretender uma Dilma inexperiente, por exemplo, é de um primarismo completo. Ela tem uma longa vida política e administrativa.

E Lula, antes, aliás, não havia ocupado nenhum cargo executivo, e se tornou o maior presidente da República que o Brasil teve. Essas comparações de biografias, no entanto, não podem nem devem ser o centro da campanha. O que temos de ressaltar é que há um projeto Lula – vamos chamar assim para efeito simbólico – com todas as suas extraordinárias e positivas conseqüências para o povo brasileiro, e um projeto Serra, neoliberal, o anti-Lula, cujo impacto negativo o Brasil conheceu e não gostou. O que está em jogo é se continua a revolução democrática em curso, ou se ela é estancada pelo projeto neoliberal, pelo anti-Lula.


sábado, 15 de maio de 2010

O BRASIL no rumo certo!

Agora é hora de acelerar!

Na mesma semana em que diferentes institutos de pesquisa começam a mostrar e comprovar o avanço de Dilma na preferência de voto para a Presidência, o programa do PT foi ao ar colocando o presidente Lula na linha de frente da apresentação e defesa de Dilma.
Estas pesquisa apenas comprovam o que já se sabia: SERRA tem a mesma faixa de votos desde 2002.
O processo eleitoral ainda terá um forte ingrediente que é a presença de Lula ao lado de Dilma, e isso pode ser um diferencial importante na disputa. Apesar de que a "transferência de votos" não é automática e, sequer é uma tendência no Brasil, Lula é uma figura determinante no debate deste ano. Impossível não ser!

Enquanto isso, a assessoria de imprensa de SERRA está se mostrando especialista em montagens e recortes de fotos, já que a cada atividade do SERRA, sobem ao palco dievrsas pessoas "non gratas" (vide FHC, Yeda, entre outros...) que precisam ser devidamente retiradas e ocultadas da "cena" para a devida (e exaustiva) reprodução nos veículso do PIG.

Na semana passada, Dilma esteve em Porto Alegre  onde foi recebida em um jantar reunindo os partidos da base de apoio a sua candidatura aqui no RS.


Para ver uma análise da pesquisa VOX POPULI, clica AQUI  e lei no blog do Nassif.
Outra pesquisa, na postagem do RS URGENTE, pode ser vista AQUI.

Para divertir-se com um pouco da choradeira demotucana, clica aqui e vá para o blog do MiguelGrazziotin

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O anti-Lula de Serra: sua verdadeira política econômica

Texto de Emir Sader

Serra ficou furioso. Sua equipe econômica deu entrevista à agência Reuters e abriu o jogo, revelando o plano econômico real que, caso ganhasse o tucano, colocaria em prática, confirmando os principais neoliberais de Serra – os mesmos que orientaram seu governo em São Paulo. Serra esbravejou, esperneou, distribuiu broncas, ordenou que ninguém repercutisse nos partidos da imprensa. Mas já era tarde.

A primeira medida econômica de Serra seria um duro ajuste fiscal – como é típico dos governos neoliberais. Segundo revelado por dois membros da equipe econômica tucana, se promoveria a renegociação de contratos e o corte de despesas públicas – conforme o modelo do FMI. Esse seria o começo do “choque de gestão”, típico das gestões tucanas.
“Ele vai entrar com medidas fiscais e até renegociação de alguns contratos”, disse a fonte tucana.”As despesas da máquina pública estão sob um controle muito frouxo...”

Critica-se o aumento das despesas públicas, uma suposta queda na arrecadação e as desonerações feitas para resistir aos efeitos da crise mundial. Anuncia que estão vigilantes sobre a cotação do real frente ao dólar. O papel dos bancos públicos seria “relativizado”, de forma coerente com a privatização do Banespa, vendido ao banco espanhol Santander, assim como a colocação à venda da Nossa Caixa que, felizmente, foi resgatada pelo Banco do Brasil. Assim, São Paulo, o estado mais rico do país, não tem mais nenhum banco público, o candidato tucano preferiu liquidar o patrimônio para fazer estradas, que aparecem muito mais do que financiamentos subsidiados para casa própria, por exemplo, como faz o governo federal. “Relativizado” significa baixo perfil, Estado mínimo, conforme o receituário neoliberal, para que os bancos privados possam ser absolutizados, possam ocupar mais espaço ainda.

Diz o tucano, na entrevista a Reuters, que o fortalecimento dos bancos públicos contribuiria para “aumentar a pressão inflacionária, ao aquecer em demasia a atividade” (sic), preocupação prioritária dos neoliberais, que não aprendem com o governo Lula que se pode – e se deve – aumentar os salários e diminuir as taxas de juros que, em um marco de crescimento com distribuição de renda, não apresentam riscos inflacionários. “Não acho que os bancos públicos precisam ter uma política tão protagonista (sic) neste pós-crise”, afirma a fonte, de forma coerente.

“Uma atuação menos arrojada, inclusive, poderia ser um dos caminhos para evitar a alta das taxas de juros a fim de controlar a inflação e as expectativas de preços”, comenta Reuters, a partir da conversa com membros da equipe econômica tucana.

A equipe serrista considera exagerados os estímulos fiscais dados pelo governo Lula durante a crise. “Não precisava dar para toda a linha branca e depois para móveis...” Parece que seguem acreditando que o próprio mercado tem mecanismos próprios de reativação econômica.

Apostam pouco na concretização de reformas como a tributária, em que o interesse seria apenas o de desonerar investimentos e folha de pagamento, sem nada que apontasse para uma estrutura tributária em que “quem ganha mais, paga mais”, como seria socialmente justo.

Então, a surpresa que Serra esconde é similar à de Carlos Menem e à de Carlos Andrés Perez: um grande pacote de ajuste, escondido sob o disfarce de um “choque de gestão”, tão a gosto do neoliberalismo tucano.

Publicado na agência Carta Maior em 6/5/2010

sábado, 1 de maio de 2010

1º de Maio e algo mais

Quando comecei a escrever neste espaço, um dos temas mais candentes era a posse de Obama, lá em janeiro de 2009. Lembro que dediquei algumas postagens a este fato, repercutindo inclusive seu discurso de posse. Confesso que não era dos mais céticos e chegava a nutrir algumas esperanças de que fosse possível um novo patamar de relações internacionais! Claro que isso era pura ingenuidade da minha parte!

Nos últimos dias, as principais cidades norte-americanas foram arrebatadas por grandes manifestações em protesto às políticas de Barak.
As manifestações foram também uma oportunidade para mostrar que a população não está satisfeita com a atuação de Barack Obama, já que boa parte de suas promessas continua no papel. Em artigo para a Radio del Sur, Victor Toro esclarece a necessidade das mobilizações populares nos Estados Unidos. "A recessão não parou, o desemprego ultrapassa os 20%, em alguns povos e cidades se manifesta mortalmente em até 30%, a isso agreguemos o desemprego crônico, os desamparados, a população encarcerada, os dependentes químicos e doentes crônicos, há que os somar por milhões". Ver ADITAL

No mundo todo, protestos revelaram as repercussões da crise capitalista dos últimos tempos. na Europa a taxa de desemprego média chega a 10%, com alguns países um pouco acima desse número.

Enquanto isso, no Brasil, onde temos uma cultura de conciliação, a maioria das atividades foi festiva.
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Mas coincidiu com o 1º de Maio a leitura do livro de Mário Sérgio Cortella; "Qual é a tua obra?".
Título instigante e leitura idem!
Cortella - que trabalhou diretamente com Paulo Freire e isso, por si só, já é um grande currículo - desenvolve um texto saboroso, de leitura tão fácil quanto profunda. Daqueles textos que te leva conversando com o autor.
Pensando sobre a questão do trabalho, ele traz várias reflexões, mas em especial no segundo capítulo (vou confessar, comecei a ler hoje e ainda tô na metade!), Cortella compara o sentido e a origem etimológica da palavra "trabalho" (do latim "tripalium", denota algo torturante e doloroso) e nos mostra, de forma simples, como esta visão persiste até hoje.

E então nos convida a revisar este conceito e pensar o trabalho como o termo grego "poiesis", que quer dizer "minha obra", "aquilo que faço".
É verdade que os gregos não viam assim todos os tipos de trabalho, e o próprio Platão considerava  que somente "homens ociosos [corresponderiam] moralmente ao ideal de ser humano e [mereceriam] ser cidadãos por inteiro".
Esta comparação entre "tripalium" e "poiesis", me fez lembrar da reflexão marxiana sobre o trabalho alienado e a emancipação da classe trabalhadora, também lembrado pelo autor (tema propício para este dia!).

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Mas preciso confessar que o trecho que me deixou mais inquieto até agora foi quando o autor fala sobre o desejo e a busca de espiritualidade.  Este trecho me tocou de forma direta:


"O desejo por espiritualidade é um sinal de descontentamento muito grande com o rumo que muitas situações estão tomando e, por isso, é uma grande queixa. E a espiritualidade vem à tona quando você precisa refletir sobre si mesmo; aliás a espiritualidade é precedida pela angústia. De maneira geral, a angústia é um sentimento sem objeto. Quando você fica triste, é por alguma coisa. Quando você está alegre, é por algum motivo. A angústia se sente e não identifica o objeto. Você se levanta e 'não sei o que está acontecendo, estou com uma coisa, um aperto aqui no peito'. É uma sensação de vazio interior.


Martin Heidegger, grande filósofo alemão do século XX, dizia que a angústia e a sensação do nada. E ela é positiva num ponto, pois o nada é a possibilidade plena. Quando se pode sentir o 'nada', todas as opções se apresentam e todos os horizontes são possíveis. (...) a espiritualidade é um desejo forte de a vida ter sentido, de ela não se esgotar nem naquele momento, nem naquele trabalho."
E por aí vai...

Mas como sempre vivi minha espiritualidade de maneira um pouco conflituosa, acabei lembrando de outra leitura que tem me inquietado. Um livrinho de Pedro Demo, chamado "AUTO-AJUDA: Uma Sociologia da Ingenuidade como Condição Humana".
"No fundo a espiritualidade é importantíssima porque oferece um dos horizontes fundamentais da vida, que é sentido. Como a proposat de sentido nunca está necessariamente isenta de ilusões, a espiritualidade não deixa de ser dúbia: quando se acomoda em religião específica, tornando-se fundamentalista, pode tornar a pessoa aind amais feliz, por conta de certezas que embalam um mundo tão incerto, ma sisso é pago com alienações preocupantes ou mesmo insuportáveis para espíritos mais críticos."
 E por aí vou...
(continua)