Duas notícias que li hoje destacam a continuidade da ação estadunidense, apesar dos clamores mundiais pelo restabelecimento pleno das relações comerciais, políticas, econômicas e diplomáticas. Leiam abaixo do ADITAL e do OUTRO LADO.
ONU debate bloqueio a Cuba, mas EUA devem continuar desprezando resultados
Natasha Pitts
Amanhã (28), a Assembleia Geral das Nações Unidas se reunirá pelo décimo oitavo ano consecutivo para considerar o projeto de resolução "Necessidade de colocar fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba". A reunião terá a participação do chanceler cubano Bruno Rodríguez.
Mesmo com sucessivas tentativas e com a disposição de Cuba para dialogar e normalizar as relações, segundo análise de Nildo Ouriques, professor do Instituto de Estudos Latino-americanos, com sede em Santa Catarina (região Sul do Brasil), a manutenção ou não do bloqueio é uma decisão que será tomada apenas pelos Estados Unidos.
"Como sempre o bloqueio norte-americano será repreendido e combatido pela ONU. O que provavelmente deve acontecer na reunião é que a ONU vai continuar mantendo as recomendações e os Estados Unidos vão continuar desprezando. O início do bloqueio foi uma decisão unilateral e o encerramento também será", esclarece.
Desde 1991, o embargo vem sendo condenado por uma quantidade cada vez maior de integrantes da Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1992, 52 se puseram a favor de Cuba, já em 2008 este número subiu para 185. "O crescimento da quantidade de Estados que apoiam Cuba representa uma compreensão cada vez maior de que a suspensão do bloqueio ao país é importante para a descolonização da América Latina", afirma Nildo.Em seu texto, o projeto de resolução que será discutido amanhã adverte que ainda continuam a promulgação e aplicação de novas normas que têm como objetivo reforçar e ampliar o bloqueio e demonstra preocupação sobre os efeitos negativos dessas disposições sobre a população cubana e também sobre os cubanos que residem em outros países.
O projeto reafirma também os princípios de igualdade soberana dos Estados, não intervenção e não ingerência em seus assuntos internos e liberdade de comércio e navegação internacionais. O documento relembra ainda as 17 resoluções aprovadas pela Assembléia Geral a cada ano, de 1992 até 2008, e as declarações e acordos de diferentes fóruns intergovernamentais, órgãos e governos em rejeição à promulgação e aplicação de medidas repressoras.
Hoje, as vésperas da reunião, diversos grupos estão organizando mobilizações de apoio a Cuba. No Teatro IFT, na cidade de Buenos Aires, Argentina, a população irá se reunir em torno da manifestação "Todos com Cuba - Não ao Bloqueio" para exigir do presidente americano Barack Obama que seja suspenso de imediato o bloqueio e também para que sejam libertados os cinco antiterroristas cubanos detidos nos Estados Unidos.
Mesmo com a manutenção do bloqueio, a ilha segue com avanços expressivos na educação e na saúde. Em 1958, o índice analfabetismo girava em torno de mais de 20% da população. Com a execução da Campanha Nacional de Alfabetização, em 1961, este número caiu para menos de 3,9%, índice inferior a qualquer outro país da América Latina. Esta redução teve como importante iniciativa o incremento da educação nas zonas rurais. Hoje, Cuba é exemplo para o mundo. Por meio do programa "Yo si Puedo", criado por especialistas cubanos, foi possível alfabetizar 3,2 milhões de pessoas em 28 países.
Também na área da saúde a ilha merece destaque. Com o desenvolvimento da "Operação Milagre", em julho de 2004, mais de um milhão de pessoas foram submetidas a cirurgias para recobrar a visão. Diversos profissionais de saúde de 51 clínicas oftalmológicas percorrem, além de Cuba, a Venezuela e diversos outros continentes para chegar à cifra de 1.197.200 pessoas beneficiadas em 32 países.
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Bloqueio impede beisebol cubano de receber US$ 1 milhão
Cuba não pode cobrar a parte que cabe ao país por sua participação no II Clássico Mundial de Beisebol, realizado nos Estados Unidos, devido ao bloqueio, afirmou Tomás Herrera, dirigente do Instituto de Deportes (INDER).
“Ainda não repassaram o dinheiro à equipe cubana por participar do evento”, explicou. Ele disse não saber o montante mas que, segundo as normas do evento, Cuba deveria cobrar 300.000 dólares por estar presente na primeira fase (50% para os jogadores e o restante para a Federação); outros 300.000 por liderar seu grupo, e 400.000 por competir na segunda fase, o que soma um milhão de dólares.
“No entanto, não foi dado o estímulo correspondente a nossos rapazes”, apesar de o torneio ter sido realizado em março, disse Herrera.
No primeiro Clássico de beisebol, cabia a Cuba 7% do lucro do campeonato por ter ficado em segundo lugar, mas ante a impossibilidade de cobrar, devido ao embargo, o governo de Havana decidiu doar o dinheiro para as vítimas do furacão Katrina nos Estados Unidos.
As medidas restritivas em vigor desde 1962 incidem, também, com força, sobre o desporte e seu desenvolvimento, com a impossibilidade de importar implementos, e a necessidade de recorrer a outros mercados como China, com o frete triplicando os custos.
A velocista aposentada Ana Fidelia Quirot, subcampeã olímpica e rainha mundial, disse que “entre 2002 e 2009, os Estados Unidos negaram vistos a 32 delegações cubanas e a 117 pessoas, entre treinadores, esportistas e pessoal técnico”.
Com agências