sexta-feira, 20 de novembro de 2009

As violências e a Carta

Em princípio passaria o mês de novembro em branco no blog. Tenho estado envovlido em várias coisas nas escolas, em casa, enfim... planos, leituras, projetos, correrias... Mas certas coisas merecem ser ditas, mesmo que no anonimato do teclado (que depois poderá se transformar na publicidade e abertura de um blog).

Estamos em uma semana marcada pela violência. Pelo menos do ponto de vista deste observador do mundo aqui.

A violência climática. Que pelo menos aqui nesta fronteira não foi tão drástica, apesar de que a abundância das águas do Rio Uruguai já atinge as populações ribeirinhas. Mas em outras regiões do estado causou mortes e destruição.
No momento em que escrevo, vizinhos alarmistas já anunciam temporais para o final de semana. Não é de se duvidar!

A violência das armas. Na quarta-feira, um conhecido advogado foi assassinado em condições ainda não plenamente esclarecidas aqui em Uruguaiana. O autor - ou suposto autor - já está preso na Argentina, para onde teria fugido; e o inquérito instaurado.
Em Londrina, briga de trÂnsito acaba em morte de criança de apenas 2 anos (vendo isso não posso deixar de pensar na minha filha!).
A violência é banalizada diariamente. As manchetes dos jornais, os noticiários da televisão divulgam diariamente muito mais ocorrências do que apenas estas duas: confrontos envolvendo a polícia, balas perdidas, assaltos, etc...

Mas estes dois casos em particular me levaram a lembrar da militância no Referendo do desarmamento, lá em 2005. Éramos algumas poucas vozes a percorrer escolas, associações, praças, etc... Defendemos - naquela época e hoje - a total desnecessidade de se ter armas em casa; e o contrasenso entre o uso de armas em nível doméstico e nosso papel civilizatório como educadores, concidadãos e membros da "pólis" contemporânea.

É triste ver que a "segurança" tão propalada pelos defensores das armas não é garantida pelo uso de armas. Pelo contrário, aqueles exemplos míticos, hollywoodianos, "a lá Charles Bronson e Chuck Norris" que usavam ára justificar o uso de armas, contando histórias de pessoas que salvaram suas famílias pelo uso da arma que carregavam no carro ou tinham em casa , são quase inexistentes.

Mas inúmeros são os casos em que as armas que eram carregadas por simples pessoas, "desejosas de segurança", realizaram tragédias pessoais e coletivas como as duas recentes, ocorridas na quarta-feira.

A violência política. Depois do movimento orquestrado com a grande mídia gaudéria, o (des)governo Yeda/PSDB, finalmente encaminhou seus projetos para a Assembléia Legislativa. Não quero que leiam os projetos pelos meus olhos. Deixo aqui os links para que todos conheçam o conteúdo dos textos (PEC 200/2009; PL 333/09; PL 334/09 e PL 335/09). Verdadeiras agressões à escola e aos trabalhadores em educação.

A repercussão dos últimos dias merece uma análise crítica dos textos propostos(sic) pelo Governo. Por enquanto vou me abster de escrever mais a respeito, mas temos conversado bastante sobre a questão.

Apesar disso, vou deixar aqui uma carta escrita pelo deputado Elvino Bohn Gass (PT) ao colunista d eZH Paulo Sant"anna. Excelente detalhamento, que escancara, de uma vez só, a blindagem da mídia e o verdadeiro efeito dos famigerados "MILEQUINHENTOS".


Carta de Elvino Bohn Gass para Paulo Sant’Ana

“Prezado Sant’Ana, leio tua coluna regularmente e sei que ela é lida por muitos gaúchos e gaúchas, que formam sua opinião, muitas vezes, baseados nas informações que reproduzes. Por isso, não posso me furtar de comentar tua manifestação desta quarta-feira, dia 11, quando afirmas que o governo estadual está garantindo aumento salarial significativo para os professores gaúchos.

Caro Sant’Ana, quero lembrar-lhe que há uma lei federal que estabelece o Piso Nacional do Magistério, em vigor desde 2008 e que deve valer como piso a partir de janeiro de 2010, em R$ 1.132,40. Os governos que não a cumprirem estarão sujeitos a ações judiciais e precatórios. Ainda aqui, é verdade, a aparência beneficia o governo estadual, mas façamos uma análise mais detida.

O piso nacional é, de fato, piso. E sobre ele incidirão todas as vantagens e direitos adquiridos, ao contrário do valor proposto pela governadora, que engessa o vencimento em R$ 1,5 mil. Um exemplo: um professor do nível 5, classe A, com mais de três e menos de seis anos de serviço e sem nenhum benefício, como difícil acesso e unidocência, receberia R$ 52 a mais por mês se adotado o piso estadual. Mas, se adotado o nacional, o acréscimo seria de R$ 401, cinco vezes mais.

Temos, então, que os professores gaúchos ficarão em desvantagem em relação a seus colegas do resto do país e não o contrário, como dá a entender a tua coluna. A maioria dos Estados avalizou a iniciativa do governo Lula, apenas o Rio Grande do Sul e outros dois Estados posicionaram-se contra. Os professores gaúchos, se vigorar a vontade da governadora, vão perder. Essa é a verdade.

Um abraço,

Elvino Bohn Gass”

É preciso levar este debate adiante!