sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Lei 10.639, historiografia e material didático

No curso de Gestão em Políticas Públicas de Gẽnero e Raça (UAB/UFSM) várias questões provocativas são colocadas a cada unidade. 

Reparto aqui um pouco de uma discussão que perpassa a educação nacional, mas para além disso, toda a formação de noções estéticas, sociais e de imaginário: a inclusão da História e da Cultura Afro-Brasileira e Africana nas escolas da educação básica, a partir da lei 10.639, de 2003.

Faltando menos de dois anos para completar uma década de sua sanção, tal lei ainda enfrenta dificuldades de implementação. Por óbvio, sabemos que as mudanças e transformações não se dão nem darão por decreto, mas a existência de um texto legal torna-se uma ferramenta de luta e defesa da construção da igualdade e dignidade irrestritas.

(Um) Problema é como recontar nossa história e desconstruir as versões cristalizadas pelo oficialismo e triunfalismo?

Falta formação continuada para boa parte das redes de ensino; falta qualificação para atualizar e recuperar esse debate e faltam recursos e materiais didáticos com uma abordagem crítica e renovadora para este tema.
Algumas iniciativas interessantes existem, como por exemplo, o Portal de Formação em História e Cultura Afro-brasileira e Africana , mas ainda há muito o que se fazer para contarmos a verdadeira história para a sociedade.
A verdadeira História, aliás, é uma utopia necessária. Ela sempre é contada a partir de um ponto de vista, o que a relativiza muito. No entanto, sem a pretensão de apontar verdades universais permanentes, quero citar um exemplo do ocultamento da História Africana que é gritante de tanto contraste.

Geralmente só ouvimos falar de Mali em relação ao empobrecido país sem acesso ao mar, no noroeste do continente africano. Nunca, ou quase nunca, se ouve falar ou se estuda na escola o Império do Mali

Só para deixar alguns exemplos do absurdo ocultamento; enquanto a Europa mergulhava em crises de produção, convulsão social e epidemias, Mali ocupava um território considerável, banhado pelo oceano Atlântico e se estendendo ao interior do continente - passando pela área onde fica hoje o país de mesmo nome; gozando de prosperidade econômica e relativa estabilidade política por longos períodos.

Além disso, tinham as maiores jazidas de ouro conhecidas entre os séculos XII a XV (período do seu declínio "coincidentemente" ao passo que começava a se relacionar política e comercialmente com europeus, em particular os portugueses que viviam o seu Périplo Africano, a partir de 1415). Povo de grandes ourives e de artistas expressivos - os griots - que eram uma mistura de contadores de histórias, músicos e menestréis. Ao tempo em a Europa definhava com a Peste Negra, o Império do Mali já tinha universidade (elitizada diga-se de passagem, mas um avanço naquele contexto e época) e contava com um processo de participação política de dar inveja na limitada democracia das ágoras atenienses.

Mas ninguém fala deles! E via de regra, a formação escolar e acadêmica ainda está centrada numa visão eurocêntrica excludente da diversidade!


"Os reinos africanos, (...), eram admirados tanto entre os islâmicos como entre os cristãos europeus. Suas riquezas eram transformadas em conquistas sociais e artísticas para seus povos." Leia mais aqui .

Outra indicação para iniciar uma leitura sobre a questão pode ser vista AQUI.



terça-feira, 27 de setembro de 2011

Cardápio pós-Greve

Como já foi preconizado e aprovado em assembleia da ASSUFSM, existe sim vida após a Greve.
Prova disso é que me deparei com a necessidade de jantar logo após chegar de uma rápida e bem dividida caminhada.

Coisa que há muito tempo não fazia: preparar um jantar comigo mesmo para mim!

Para a trilha sonora deste encontro escolhi logo o melhor: silêncio absoluto! 
Após quase uma hora entre os preparativos acabei optando por ouvir um pouco de soul music e blues, de entrada, e terminei ouvindo The Smiths de acompanhamento, só para amenizar a segunda-feira.

Macarrão Exumé
(começa com a exumação dos armários e geladeira: tudo o que for encontrado pode entrar na receita) - Inspiração livre!
*Imagem meramente ilustrativa, apesar de muito parecida!!!
Ingredientes:
Macarrão caseiro
Manteiga
Orégano
Pimenta em pó
Louro
Molho pronto
Biscoito de Gergelim
Sal
(acho q foi isso...)
Modo de preparar:
- Aqueça água numa panela. Caso precise de alguma referência, a embalagem do macarrão geralmente traz alguma (no caso era 1 litro de água para cada 100gr de macarrão. Eu achei um exagero tanta água e logicamente desconsiderei uma barbaridade dessas!).
- Na água coloque algumas folhas de louro e um pouco de sal. Note que o segredo é justamente a imprecisão das quantias.
- Enquanto a água ferve, numa frigideira coloque a pimenta, o orégano, um pouco de massa crua e se nesse tempo encontrou mais alguma coisa que não estava na lista pode incluir também. 
- Pegue um biscoito de gergelim e use como colher para colocar margarina na frigideira. Cerca de duas a trÊs colheres-bolacha serão suficientes.
- IMPORTANTE: cada bolacha deve ser comida imediatamente após servir a frigideira de margarina. Caso algum fragmento de biscoito cair dentro da mistura, deixe fritar também; nem te preocupa!
- Enquanto a massa vai fritando e pegando aquele gostão forte de tudo que tem dentro da frigideira, a água já tá quase fervendo, né? Confere aí...
- Agora despeja a massa "frita" ou do jeito que estiver na água e vá incluindo toda a massa que irá fazer. E mexa um pouco.
- Enquanto a massa vai ficando pronta, prepare o Molho (que já veio pronto!) com mais alguma mistura (pode ser mais margarina com orégano como eu usei).
- Escorra a massa e misture-a ao molho.

- Sirva e beba uma Xingu para acompanhar.

Lições pós-preparo
Nunca siga todas as instruções de preparo.
Use escorredor de massa de verdade. Métodos alternativos sempre deixam massa na pia.
Resista à tentação de deixar a massa apenas com os temperos e a margarina. O molho vermelho realmente faz diferença e melhora a massa.
Quem precisa de tomates e cebola?

Dormir 3 horas no sofá não é a melhor sobremesa. Definitivamente!

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Sabe aquela velha frase do Churchill sobre a política e as salsichas? Também vale para o preparo da minha massa.
Mas também vale o que disse o Nicolau - o Maquiavel, não o petit : "Os fins justificam os meios"!




Tava bem boa a massa, @aliceneocatto!


sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Civismo a la carte


Li a postagem do blog Nova Esquerda sobre as manifestações cívico-cômicas no 7 de setembro. 

Certamente há espaço para um interessante debate a partir do que foi exposto pelo articulista e muito ainda há o que dizer e fazer. Em especial, penso que é necessário ter cuidado com as generalizações (por mais óbvio e redundante que seja dizer isso) e com o maniqueísmo que insistem em nos enfiar goela-a-dentro. Sem "puritanismos", é preciso reconhecer o esgotamento das vias tradicionais e a necessidade de se fortalecer a luta popular por fora das instituições e partidos. Pelo menos esse é o caminho que me alenta ultimamente, que me mantém na esperança.

Discernir as motivações e os métodos de cada movimento é tarefa da militância sincera que ainda insiste em acreditar na nova mulher e no novo homem, construindo a nova sociedade.

Enquanto as redes sociais mobilizam atos "cívicos" como esse, tb divulgam e incentivam ações diretas como as recentes ocupações de reitorias por todo o Brasil, inclusive aqui em Santa Maria. As redes, enquanto ferramenta de comunicação e debate podem potencializar as lutas, mas nunca substituir a ação concreta.

Toda a reação ao oportunismo da direita precisa de uma dose alta de senso crítico para não ficar no adesismo puro e simples, desviando para o governismo cego que tanto tem contaminado lutadores e lutadoras nos últimos tempos.

No Blog, comentei o que segue abaixo. Reproduzo aqui pela demora na liberação por parte da moderação do Blog.

Lamento o golpismo rídiculo orquestrado no 7 de setembro. Lamento as manifestações “moralistas”/”moralizantes” que os veículos da imprensa monopolista tentam fazer (mas onde estavam no episódios Jaq Roriz? e aqui no RS? Pq esse discurso não retumabava no Gov Yeda?).Certamente este movimento está cheio de bem-intencionados inocentes úteis, assim como no PT (partido que centraliza um governo de pseudo-centro-esquerda).Se o PT é realmente “o único partido de esquerda (sic) com força para combater os malandros golpistas”; é ainda maior a responsabilidade e a culpa por manter os privilégios dos tais “malandros golpistas” com os quais o PT anda entrelaçado tão cordialmente. (Certamente enxergo variações importantes entre o PT, partido do qual fiz parte, e a tucanalha e seus derivados, mas, no geral, o que vejo foi uma opção (traição?) de classe).Sem partidos! Reinventar a sociedade! Movimento Popular na rua! Para subverter e reverter!


EM TEMPO: incluo mais uma manifestação sobre os movimentos do dia 7. Vem do SUL21.