Lembro-me de diversas vezes presenciar a transformação de algumas rodas de conversa em debates derradeiros sobre os destinos da humanidade e do mundo; debates onde duelavam visões de mundo e concepções de sociedade diversas. Alguns em tom apocalíptico afirmavam que não havia saída: a humanidade se auto-flagela e estamos condenados a uma espiral de decadência avassaladora.
Eu como bom teimoso, adepto convicto da esperança, sempre tive receios com essas versões. Apesar do anunciado “Fim da História” nos anos 90, sempre achei que algo diferente espera por nós, “macacos nus”.
Certa feita, com colegas da faculdade de História e na pujança de uma mesa de bar, começaram de novo as conjecturas. Com aquele tom definitivamente provisório que só uma conversa entre bons amigos e a terceira rodada nos dá, defendíamos que a “salvação” só seria possível se houvesse uma mudança profunda na humanidade. Uma reforma (ou uma revolução) moral, que trouxesse à tona o que d e melhor e mais virtuoso existe na humanidade.
Daí em diante seria fácil cair para teorias místicas ou messiânicas. A tal mudança d e paradigmas morais, desejada nesses termos, poderia soar como um apelo religioso ou um incentivo a soluções intimistas, individuais.
Entretanto, sem perceber, estávamos construindo ou reforçando em nós a importância do ato de educar. Pouco a pouco iríamos perceber que essa mudança passa pela atividade que acabamos escolhendo: a docência. Que como deixa claro o enunciado freireano, não pode tudo sozinha, mas sem ela o mundo não muda também.
O tempo passou.
Alguém deve ter pago a conta e hoje não nos encontramos mais nos bares.
Estamos espalhados por este Rio Grande (Uruguaiana, Itaqui, Porto Alegre, Erechim, Frederico Westphalen...) todos professores, todos educadores procurando fazer a diferença.
Nostalgias à parte, isso me fez lembrar e entender a admiração que construí pela figura do Che. Che Guevara, o revolucionário; o guerrilheiro, mas também Che , o Humanista.
Mais do que ninguém, encarnou os valores do Homem Novo e da Mulher Nova como fins e meios da Revolução. Nesse sentido, deu exemplos de vida (e de morte) e personificou grandes e revolucionárias virtudes.
Paulo Freire vai revisitar esse conceito de Homem Novo. A tomada de consciência para Paulo representa a assunção da verdadeira humanidade, perdida e humilhada nos processos de dominação e exploração. Isso dá clara e forte intencionalidade a sua (nossa!) educação como prática de liberdade.
Pelo exposto, mas também por concordar que a história é feita por “homens [e mulheres] corpóreos, com os pés firmemente cravados no chão” (Karl Marx), quero repartir texto de Georges Bourdokan publicado na Caros Amigos nº 144, de março. Vale a pena!
(CLIQUE NAS IMAGENS PARA LER)
Em lembrança àquela mesa lá do início, vamos fazer um brinde aos teimosos e teimosas que insistem em ter esperança!
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